Quer ver um deus se transformar em um demônio ou no inimigo número 01 de uma nação inteira? Mande-o para a Copa do mundo e espere que ele não se saia tão bem quanto se esperava dele. Nem precisa falar mais nada, não é? Todo mundo já entendeu tudo. Sim, estou falando do fenômeno Cristiano Ronaldo, camisa 7 do time de Portugal, eliminado da Copa da África da Sul no início desta semana.Bem pior que perder um jogo numa fase decisiva da Copa do mundo é perder para um antigo rival, e Portugal achou de perder logo para a Espanha. Portugal e Espanha são países vizinhos, ambos compõem a Península Ibérica, a ponta de terra europeia que avança vigorosamente para dentro do Oceano Atlântico. Portugal foi a primeira nação a lançar-se ao mar em busca de novas terras por ocasião das grandes navegações. Espanha foi a segunda a sair nessa conquista. A partir daí a rivalidade não terminou, é tipo rivalidade entre o Brasil e a Argentina.
Cristiano Ronaldo e os números:
O jogador tem 3 irmãos, o pai morreu aos 52 anos vitimado pelo alcoolismo, tem 2 lojas da sua grife RC7, tinha 8 anos de idade quando começou a jogar no primeiro clube de futebol, tem 9 títulos pelo Manchester United, paga 28 mil de aluguel na casa que mora em Madri, em uma de suas campanhas publicitárias a Nike mandou fazer uma estátua sua com 10 metros de altura, ele foi o autor do milésimo gol do Manchester pela Premiere League, o Real MAdrid pagou 218 milhões para tirá-lo do Manchester e seu salário foi aumentado em 100 vezes, doou 278 mil ao hospital que ajudou a sua mãe se livrar e um câncer, fez 22 gols pela seleção portuguesa e tem um salário anual de 30 milhões de reais, fora o que arrecada com campanhas e investimentos próprios, como a sua grife.
Cristiano chegou na Copa como uma das grandes promessas do mundial, ao lado de Linel Messi (melhor do mundo no ano passado), Didier Drogba e Wayne Rooney . Não apenas os seus conterrâneos portugueses, mas todo o mundo esperava ansiosamente por sua estreia. Ronny (seu apelido) entrou nos campos da África do sul como o herói português, trazendo em seus ombros a responsabilidade de defender e devolver a glória de Portugal. O treinador disse que não existia uma preocupação especial com Cristiano Ronaldo, principal jogador luso: "Não estamos obcecados com Cristiano Ronaldo. Portugal é uma boa equipe e já demonstrou que é muito forte tanto no plano defensivo quanto no ofensivo. Graças ao técnico (Carlos Queiroz), o time chegou ao Mundial em ótimas condições. "
O treinador não quis encher mais a bola de Cristiano, e disse que a entrada de Portugal para a copa foi graças a um trabalho de equipe, no entanto, o discurso mudou após a derrota e a culpa da eliminação ficou sobre os ombros de Ronaldo, que em 4 jogos fez apenas um gol.
Não estou aqui para condenar ou defender Cristiano Ronaldo, até mesmo porque entendo pouco de futebol. A questão que quero levantar aqui é a efemeridade do sucesso. O cara entra como um deus e sai como o inimigo público número um de uma nação. Nesse momento, tudo aquilo que fez dele um fenômeno, volta-se contra ele: Sua megalomania, sua vaidade, seu estrelismo e seu charme, que antes eram considerados “estilo”, hoje são apontados como sinalizadores de uma suposta homossexualidade. Tudo mudou e Ronaldo hoje amarga o peso da culpa de decepcionar a si mesmo e a uma nação inteira.
O interessante é perceber como a opinião das pessoas é imprecisa e inconstate e como vemos através de lentes. Quando tudo está bem, utilizamos uma lente, quando a coisa aperta, colocamos outra e o sucesso mostra assim a sua cara mais perversa: a cara da ingratidão. Quanto Cristiano Ronaldo já fez por Portugal? Muito! Mas tudo foi esquecido. Todo bem anterior foi apagado por uma má atuação. Sob o peso da culpa, o jogador afirmou: “Estou muito frustrado e dêem-me um tempo para sofrer sozinho”.
Segue abaixo algumas críticas sob a forma de charges:
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