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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Um "Kit" estremece o país

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"Os homens jamais fazem o mal tão completamente e com tanta alegria como quando o fazem a partir de uma convicção religiosa." (Blaise Pascal)

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A postagem de hoje deveria ser sobre a Inclusão digital, mas mediante a urgência deste assunto, decidi trocar a temática, deixando a inclusão para depois. Eu estava evitando falar sobre o kit anti-homofobia mas agora não vejo como fugir dele. Em primeiro lugar, o "kit gay" só existe na cabeça do Jair Bolsonaro. O que é existe na verdade é um Programa chamado Escola sem homofobia e que conta com um conjunto de vídeos educativos a serem veiculados para alunos do ENSINO MÉDIO. O projeto, inclusive, foi elogiado pela UNESCO e pelo Conselho Federal de Psicologia. O Deputado Bolsonaro afirmou erroneamente (por ignorância ou por pura sacanagem para tentar inflamar a população) que se tratava de um programa para incentivar a homossexualidade entre CRIANÇAS do ensino fundamental. Daí a ele criar um "kit Anti-gay" foi um pulo. Que fique claro, porém, que o programa não estimula ninguém a virar homossexual, ele estimula o respeito às pessoas que vivem nesta condição. Minha passou anos tentando me ensinar a comer peixes e frutos do mar e eu nunca aprendi. Acho que tem coisa que é da natureza de cada um, que não se ensina, e sexualidade é uma delas. Ninguém ensina um homem sentir atração por outro homem. Ou ele gosta da fruta, ou não gosta.

Sou contra a distribuição deste tipo de coisa em escolas. Acho, sinceramente, que este tipo de conversa tem que ser tida em casa. Eu aprendi a respeitar os outros, a ser honesto e a cumprir regras em casa, não na escola. Vivemos já com um ensino de péssima qualidade onde as pessoas mal sabem ler e escrever e ainda vamos gastar um tempo que deveria ser gasto com a aquisição de conhecimentos discutindo essas questões? Sou totalmente contra! Contudo, se realmente houver a necessidade de um programa contra o preconceito nas escolas, que seja um programa de respeito ao ser humano, ou seja, contra QUALQUER tipo de preconceito. Não é errado discriminar apenas gays e lésbicas, é errado discriminar o ser humano. É fundamental que as pessoas aprendam a respeitar o próximo, independente da sua etnia, da sua cor, da sua religião ou do que façam entre quatro paredes. Criemos, então, um kit Anti-desumanidade.

Não estou escrevendo simplesmente para falar dos “kits”. Hoje o buraco é muito mais embaixo e bem mais fundo. Falar sobre o kit foi só ponta do iceberg. Como já deve ser do conhecimento da maioria, a presidenta Dilma Roussef decidiu proibir a distribuição de cartilhas e afins produzidas pelo MEC contendo temática LGBTT. As bancadas religiosas conseguiram o que queriam. Nada teria de extraordinário nisso se não fossem os meios utilizados para fazer o governo recuar numa decisão anteriormente tomada.

É sobre esta vitória “da moralidade, da família e de Deus” que eu gostaria de falar, aliás, falar não, eu gostaria de esbravejar. Gostaria de gritar alto contra esse lixo de politicagem feita pelos “agentes de Deus”.

Ontem, no meio da votação acerca do Projeto florestal, algo de suma importância, a corja religiosa interrompeu os trabalhos para tratar de um assunto que nada tinha a ver com o meio ambiente: o kit. Uma tremenda falta de bom senso! Se bem que nesta história toda a falta de bom senso é o de menos. De que adianta bom senso quando não se tem escrúpulos, argumentos ou caráter?

Voltando ao assunto: A corja interrompeu uma votação tão importante para fazer ameaças. Eu nem deveria ter me chocado tanto com isso, afinal de contas, onde faltam argumentos plausíveis, sobra intransigência. O fato é que os nobres deputados ameaçaram chamar Palocci para se explicar quanto às denuncias de corrupção, pedir CPI no Ministério da Educação e obstruir futuras votações. O governo decidiu então recuar. Não é a primeira vez que Dilma recua por causa da intervenção desse grupo. Aconteceu primeiramente durante a sua campanha eleitoral quando voltou atrás em algumas proposições sobre o aborto.

O ex-governador Antony Garotinho, aquele outrora investigado por irregularidades em campanhas eleitorais, regozijou em seu blog: “É uma vitória que não é contra o governo. É uma vitória da família, graças à mobilização e atuação firme da bancada católica e evangélica.”

A minha pergunta é: O que temos para comemorar? O código florestal entravou, ou seja, que se dane o meio-ambiente, que exploda o planeta... A natureza pode esperar, o que não pode esperar é o cuidado com a vida alheia. Interromper um tema importante para cuidar de picuinha religiosa? Ah, vão se catar!

O fato é que enquanto essa gente comemora e dá glória a Deus por isso, eu me enojo. Não metam Deus na sujeira de vocês. Respeitem-no! Eles não conseguiram barrar a distribuição da cartilha do MEC por méritos divinos, não tem o dedo de Deus aí, os métodos que eles usaram foram bem humanos: chantagem e barganha.

O que essa corja fez ontem foi uma negociata, politicagem do mais baixo nível utilizando a barganha, negociando coisas que não são negociáveis porque são princípios. Já ouviram falar em ÉTICA, nobres deputados evangélicos? Ou vocês acham que Deus concorda que os fins justificam os meios? Se for para o bem “do Reino”, pode-se usar de qualquer estratagema, entre elas a chantagem? Depois Nicolau Maquiavel é que era maquiavélico, não é? Sei!


Ao ameaçar cobrar explicações e investigar a corrupção caso a cartilha não fosse interrompida, eles estão automaticamente dizendo que se interrompessem, iriam fazer vista grossa, fingir que nada estava acontecendo. Ninguém vai pedir para que seja investigada a corrupção de Palocci e a corrupção do Ministério da Educação. Funciona mais ou menos assim:

"- Se o governo publicar a cartilha, a gente vai combater a corrupção e atrapalhar as votações mas se o governo não publicar a cartilha aí a gente fica queitinho, não atrapalha nada, finge que não vê a corrupção. Investigar então, nem pensar! Se fizerem o que a gente quer, a gente fica caladinho."

Combater os gays é de extrema importância para a família brasileira, combater a corrupção não. Os gays vão destruir todos os lares, a corrupção não. Os gays são um perigo para a sociedade, a corrupção não. O que afeta mais a população brasileira? Um kit contra a homofobia ou a corrupção e o desvio de dinheiro público destinado à educação e a saúde do povo?

Onde está, senhores deputados, a vergonha na cara de vocês? Mostraram que estão na mesma lama que o resto dos deputados, que jogam com as mesmas armas e desconhecem os princípios mais elementares da Bíblia. Gostaria de terminar este post com as palavras expressadas por João Alexandre, habilidoso cantor gospel e dono de uma inteligência privilegiada capaz de lhe fazer enxergar a sujeira escondida dentro dos templos evangélicos. Segue um trecho da música “Coração de Pedra” na qual ele fala sobre a Igreja:

“Um falso paraíso presente, um fanatismo distante, um cristianismo sem direção... Ali é onde todos proíbem, onde todos permitem, onde são assim: nem SIM, nem NÃO”.

Moral da história nas palavras do Pastor Ricardo Gondim: Engavetar o bem, suprimir o direito e profanar da justiça. E o pior: tudo em nome de Deus.

E você, que é um leitor evangélico, se ao tomar conhecimento deste fato você não se indignou, não quis virar mesas e destituir toda esta corja do cargo, você não pode dizer-se cristão.

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Marcadores: Brasil

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Google também erra: Existe, sim, político honesto

Se você digitar "Político honesto" na busca do Google e depois clicar em "Estou com sorte" você será direcionado a outra página que diz que político honesto não pode ser encontrado ou não existe. Pois bem, olhe só isso:

O deputado federal José Antonio Reduffe (PDT-DF), que foi proporcionalmente o mais bem votado do país com 266.465 votos, com 18,95% dos votos válidos no Distrito Federal, estreou na Câmara dos Deputados fazendo barulho. De uma tacada só protocolou vários ofícios na Diretoria-Geral da casa: abriu mão dos salários extras que os parlamentares recebem (14º e 15º salários), reduziu a sua verba de gabinete e o número de assessores a que teria direito, de 25 para apenas 9. E tudo em caráter irrevogável, ou seja, nem se ele quiser poderá voltar atrás. Além disso, reduziu em 80% a cota interna do gabinete, o chamado "cotão". Dos R$ 23.030,00 a que teria direito no mês, reduziu para apenas R$ 4.600,00.

Segundo os ofícios, abriu mão também de toda a verba indenizatória, de toda a cota de passagens aéreas e do auxílio moradia, tudo também em caráter irrevogável. Sozinho, ele vai economizar aos cofres públicos mais de 2,3 milhões de reais em quatro anos de mandato. Se os outros 512 deputados seguissem o seu exemplo a economia aos cofres públicos seria de 1,2 bilhão de reais.

"A tese em que acredito e que pratico é a de que um mandato parlamentar pode ser de qualidade custando bem menos ao contribuinte do que custa hoje. Esses gastos excessivos são um desrespeito ao contribuinte. Estou fazendo a minha parte e honrando o compromisso que assumi com os meus eleitores", afirmou Reduffe em seu discurso no plenário.

Extraído do Jornal da Comunidade. Brasília, 05/02/2011.

Enquanto isso, o deputado Abelardo Camarinha afirma que duvida que algum deputado possa sobreviver com um salário de apenas R$ 12.000,00. Onde a gente clica para matá-lo?
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Marcadores: Brasil

sábado, 21 de maio de 2011

O Preço

Quanto pagaremos no futuro pela irresponsabilidade de hoje?

"A educação torna um povo fácil de guiar, mas difícil de dirigir, fácil de governar, mas impossível de escravizar." (Henry P. Brougham)

"O tempora! O mores!" (Oh! tempos! Oh! costumes!), exclamava Cícero, pai dos oradores em todo mundo, um século antes de Cristo. Suspeito que se nosso velho Cícero vivesse na atualidade, não estaria nada contente com a humanidade. Resolvi escrever este post após ler, ouvir e pensar muito. Entre outras coisas, essa semana espalhou-se pela internet o vídeo em que uma professora do Rio Grande do Norte confrontou o poder público com a realidade vivenciada pelos professores em seu estado. Antes que você pense que esse texto é para falar da situação precária em que se encontra o professor no Brasil, eu já lhe adianto que não é. Não estou aqui para chorar as mazelas dos professores, estou aqui para lamentar pelas mazelas da humanidade e sugerir algumas provocações.

Certa feita, um professor foi contratado por uma escola particular e como o número de reprovações foi maior que o esperado, a diretora do colégio, que também era mãe de dois alunos, lhe pediu que não levasse as coisas tão "ferrenhamente", que fosse mais maleável e facilitasse para os alunos. Facilitar para ela não era dar nota de graça para eles, era fazer provas menores e mais fáceis. Em outras palavras, ela sugeriu a ele que baixasse a qualidade, que baixasse o nível, pois, segundo ela, as suas provas eram muito difíceis. Na ocasião, atônito com tal sugestão, ele lhe disse que poderia até fazer o que ela queria, mas que ela pensasse bem no preço que haveria de ser pago por isso. Dois anos mais tarde os seus filhos saíram de sua escola e foram fazer o ensino médio em um grande colégio público da cidade. Não deu outra: Ambos foram reprovados no primeiro ano. Um deles perdeu em praticamente todas as disciplinas, só escapou em Artes e Educação Física. Passaram de ano na escola da mamãe, mas aprenderam? Não! Hoje a escola não tem prestígio. Nunca se ouviu falar que algum aluno de lá tenha feito alguma coisa grandiosa como ficar em primeiro lugar em algum vestibular, passar em um grande concurso ou algo que elevasse o nome de sua escola na cidade. Não poderia ser diferente! Os alunos de lá sabem apenas o suficiente para passar, não tem bagagem para fazer nada de extraordinário. Esse professor alega que nunca fez o que ela pediu por considerar irresponsabilidade aprovar aluno sem conhecimento, contudo, isso nunca foi entrave para a escola, pois o governo criou um mecanismo de aprovação em série: o Conselho de Classe. O conselho é aquele momento mágico da educação onde o aluno é miraculosamente aprovado depois de ter sido submetido a vários critérios. É o momento em que transforma-se em mérito o que na verdade é obrigação (aprova-se o discente porque ele fez as pesquisas, porque comportou-se na aula, fez os deveres de casa, etc.). Eu mesmo já participei de um Conselho de Classe numa escola estadual onde uma aluna foi aprovada e o motivo foi: "ela é tão boazinha". Ora, façam-me o favor! No fim das contas o que acontece é que o aluno passa sem saber, a escola fica desmoralizada e os bons professores levam a fama de carrascos.

O engraçado é que as pessoas se ofendem se você disser que elas estão facilitando. Se você perguntar de forma clara e honesta "Você quer que eu abaixe o nível?" a resposta será "Não, claro que não! Aqui nós primamos pela qualidade. Queremos apenas que seja mais maleável e mais compreensivo". Sei, tá bom... Esse é apenas um exemplo do que tem sido feito com a educação no Brasil. Estamos baixando o nível, facilitando, empurrando para frente. A pergunta é: Qual o preço a ser pago por isso?

Além de facilitar, ainda eximimos os alunos de toda ou quase toda a culpa. Se ele não se deu bem na unidade, a culpa é do professor, dos pais ou da escola. Mentira! A culpa é SEMPRE do professor. Às vezes não se sabe nem qual foi o erro, mas a culpa com certeza foi do professor. Na maioria das escolas, a culpa nunca recai sobre o aluno que não estuda, fica sempre nas costas do professor que é rígido demais, que faz prova difícil, que não prepara boa aula e que não passa um trabalhinho para ajudar na nota. Já fui professor de dois irmãos gêmeos que chamarei aqui pelos nomes fictícios de Eduardo e Edilson. Eles estudavam na mesma sala, assistiam à mesma aula, faziam as mesmas atividades... A diferença é que Eduardo tirava sempre notas altíssimas enquanto Edilson, mais tagarela e menos esforçado, tirava sempre notas baixas. Em todas as reuniões de pais e mestres a mãe jogava a culpa do insucesso de Edilson em mim, mas nunca elogiou o sucesso de Eduardo. Funcionava assim: Se Eduardo tirava boas notas, o mérito era dele que estudava muito, se Edilson tirava más notas o mérito era meu, que não sabia dar aula. Ora, creio que se a culpa fosse minha, os dois deveriam estar na pior. No Japão os pais são proibidos de levarem seus filhos para a escola. As crianças mais novas vão com as mais velhas para aprenderem a ser responsáveis. Aqui os alunos não assumem a responsabilidade nem de estudar. E não venham me dizer que é porque são crianças! Eu fui criança e sempre tive responsabilidade com o estudo.


Vemos corriqueiramente por aí coordenadores de escolas, secretários de educação e pedagogos darem lindos depoimentos: ”Este ano o índice de reprovação baixou muito em relação ao ano passado”. Parabéns! Muito bom! Será, contudo, que os alunos fazem jus a essa aprovação? Se não fazem, vale tanto a pena aprová-los? A longo prazo, que consequências uma aprovação inconsistente apresentará? Pensa-se em dar uma chance ao aluno, em apostar que ele vai melhorar, mas o que acontece na maioria dos casos é que ele não muda (pela própria carência de conhecimentos prévios) e o problema só é empurrado para frente. No ano seguinte o aluno estará novamente na mesma situação.

Não estou aqui defendendo a reprovação, mas acho que se o aluno não sabe, ele deve ser reprovado para ter novamente a chance de adquirir o conhecimento. Alguns acham que é maldade reprovar um aluno, eu acho que maldade é negar-lhe um direito básico, que é o de alcançar um bom nível de instrução (mesmo que ele não faça questão disso). Ora, convenhamos, repetir um ano não mata ninguém. Quero aqui manifestar o meu descontentamento com a maneira inconsequente e imediatista com a qual a educação tem sido tratada na maioria das escolas deste país. Estou aqui para manifestar a minha tristeza absoluta em ver em muitas vezes, escolas e universidades de renome, com um trabalho sério e anos de tradição, se renderem passo a passo a esta pedagogia porca e descabida que o governo brasileiro impõe. Mesmo as instituições particulares precisam se adequar às novas leis impostas pelo governo. Exemplo: às vezes a direção da escola é até contra procedimentos como o Conselho de Classe, mas ela é obrigada a fazê-lo porque está na lei, é um direito adquirido do aluno.


Sinceramente, eu acho que esse pessoal se esquece de que amanhã eles poderão estar numa mesa de cirurgia nas mãos de um médico formado de qualquer jeito. Há um tempo, uma das minhas cachorras machucou a boca num domingo e o único veterinário disponível na cidade era um ex-colega meu (que eu nunca consegui entender como havia conseguido se formar haja vista que não assistia aulas e sempre teve péssimas notas). Ele sedou a minha cachorra e ela dormiu por quase 10 horas. O infeliz aplicou nela uma quantidade de anestesia suficiente para fazer uma vaca capotar. Quase perco meu animal. Esse é apenas um caso. Quantos médicos existem por aí que provavelmente são incapazes de ler um texto consistente sobre ética ou mesmo sobre coisas mais relacionadas aos aspectos práticos da sua profissão? É sofrível o nível intelectual que os jovens estão chegando às universidades (quando chegam). Recentemente, inclusive, propus no twitter criar um Curso de Português especialmente direcionado aos universitários. As coisas inacreditáveis que eles escrevem nessas redes sociais por aí são assustadoras.

No Brasil, 75% das pessoas entre 15 e 64 anos não consegue ler, escrever e calcular plenamente, mas são considerados como alfabetizados. Às portas do século XXI, em plena Era do Conhecimento, quase três quartos da população brasileira é funcionalmente analfabeta. Isso é vergonhoso.

De que maneira queremos transformar este país numa nação forte? Deste jeito? Com este nível? Estamos formando um país de analfabetos funcionais. Como afirmou uma amiga minha (com total propriedade) estamos nos conduzindo rumo ao analfabetismo consentido, apoiado e incentivado. O governo não quer saber se o povo realmente adquiriu o conhecimento, aliás, povo bem instruído é muito perigoso para o governo. Gente ignorante é muito mais suscetível à manipulação. O que o governo quer é fazer com que os números do analfabetismo caiam, mesmo que não seja uma realidade efetiva. Não fica bem na lista da educação mundial o Brasil aparecer com índices altos de analfabetismo, não é?

O MEC inovou recentemente, achou uma possível solução para nossa incapacidade de alfabetizar os brasileiros: apontar o errado como certo. Os alunos podem continuar a falar e a escrever "os livro", "nós vai" etc. Segundo MEC esse é um procedimento visando diminuir a exclusão. Em minha opinião, ele exclui muito mais que inclui, mas falarei sobre isso numa outra oportunidade.

Fico feliz em saber que tudo isso apontado aqui não é uma regra. Existem muitas escolas e muitos pedagogos fazendo trabalhos sérios por aí, mas, infelizmente, estes têm sido cada vez mais a minoria.


Sobre o preço, ele já está sendo pago:

Estamos vivendo numa nação de analfabetos funcionais, apolítica, que elege um palhaço para um cargo de deputado federal, que reelege políticos corruptos como Paulo Maluf e Fernando Collor, que não se manifesta de forma dura contra a corrupção e até a trata como algo normal, que não tem o hábito da leitura, que não valoriza a arte, que não produz boa música, que desconhece os princípios da ética, que chama de heróis gente desocupada confinada numa casa de reality Show enquanto trata seus verdadeiros heróis (gente que sobrevive com um salário mínimo) com descaso, que conhece qualquer BBB ou sub-celebridade, mas desconhece monstros da literatura mundial como José Saramago, que não lê bons autores como Clarice Lispector por considerá-la hermética, que tem preguiça de pensar e por aí vai...

Mas, pensando bem, para que sermos vistos como inteligentes, não é? Já somos o país do carnaval e do futebol. Precisa mais?

Para terminar, gostaria de incorporar ao meu texto um comentário que foi postado anonimante, e que eu achei de uma propriedade incrível:

“Conhecimento é poder! Alguns anos à frente, a inteligência e a capacidade de inventar, desenvolver e melhorar será importada de outros países, porque aqui dentro só haverá capacidade para copiar e repetir o que vem sendo feito há décadas. Tenho pensado nisso há um tempo, vejo que as pesquisas e bolsas para estudo em todas as áreas estão caminhando para a extinção. Não se vê idéias novas, mudanças de rumo e de pensamento...”


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Marcadores: Educação

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nota de Esclarecimento

Grandes mentes discutem ideias e ideais; mentes medianas
discutem fatos; mentes pequenas discutem pessoas.


Venho através deste post comunicar que a partir deste momento não permitirei mais que sejam postados comentários anônimos sem a devida moderação. Que fique claro que o que está em voga aqui são os temas acerca dos quais eu escrevo, não a minha vida pessoal.

Apaguei dois comentários por achá-los descabidos e por tratar da minha vida particular. Não permitirei que baratas e ratos (seres que vivem escondidos, nas sombras) venham avacalhar meu blog. Aqui eu falo as coisas que penso e mostro a minha cara. Se você quiser falar também, vai ter que mostrar a sua.
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Marcadores: Comunicados

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Decisões complicadas

BURRICE, FANATISMO E FALTA DE ARGUMENTOS

Estive acompanhando recentemente através das redes sociais, sobretudo no twitter, a guerra que se iniciou entre grupos religiosos e setores mais conservadores da sociedade e a ABLGT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). A lei que dá direitos civis para os casais homossexuais já foi votada na semana passada e aprovada com unanimidade, o que é uma grande conquista haja vista que os casais homossexuais tinham, pasmem, mais de 100 direitos a menos que os casais convencionais. Agora é a vez de votarem o PL 122, o projeto de lei que criminaliza a homofobia. Nele é que está realmente entranhada a confusão. Não se trata apenas de uma batalha jurídica. É, antes de tudo, uma batalha ideológica. A grande pena é que não é uma guerra ideológica daquelas bem argumentadas, gostosas de ver. A discussão é marcada pela intransigência, pelo fanatismo, pela falta de respeito e de argumentos plausíveis.

A base que alicerça a argumentação dos religiosos é óbvia: A Bíblia. Sobre esta questão tenho duas ponderações: A primeira é como discutir razoavelmente com alguém cujas opiniões e crenças estão pautadas num livro que começou a ser escrito há 4000 anos atrás. Ora, a sociedade mudou, os homens e as mulheres mudaram. O próprio conceito de família mudou. Antigamente uma família era formada por um homem (a autoridade da casa), uma mulher (geralmente submissa) e sua prole. Hoje, no entanto, quantas são as famílias espalhadas por aí cujo chefe é uma mulher? A mulher mudou, não é mais a mesma submissa ao poder do pai, do irmão mais velho e do marido. O apóstolo Paulo orientava que as mulheres permanecessem caladas dentro das igrejas e se tivessem alguma dúvida deveriam esperar chegar em casa para só então perguntar ao marido. Hoje o sexo feminino tem vez e voz (em casa e na rua). Elas trabalham fora, dirigem empresas, aliás, uma delas dirige um país inteiro. Os evangélicos afirmam que a regularização dos direitos civis dos casais homossexuais é um desserviço para sociedade e põe em risco a estrutura familiar. Que argumento imbecil! Sejamos francos e inteligentes: proibir um gay de se casar não vai fazê-lo gostar de mulher. Uma mulher inteligente e independente configura-se um risco muito maior para a estrutura familiar tradicional do que o casamento entre gays. Por que? Porque esta sim tem o poder de desarticular uma família quando não estiver mais disposta a aguentar mandos e desmandos de um marido tolo.

É preciso pensar que somente uma lei não muda a essência das pessoas. Pela maneira como é argumentado, parece que sendo aprovada a união entre homossexuais todos os homens solteiros vão procurar maridos e todos os casados irão divorciar-se de suas esposas para procurarem um macho para unirem-se homoafetivamente, acabando assim com todas as famílias do mundo. Penso que se o cara é heterossexual, se ele gosta de mulher, com lei ou sem lei de uniões homoafetivas, ele vai continuar gostando de mulher. A lei só vai mexer com a vida dos homossexuais, não vai mudar em nada a vida dos héteros. Por que qualquer lei relacionada a drogas não me afeta em nada? Porque eu não as consumo e nem pretendo.

A segunda dificuldade reside no fato de que 99,9% dos religiosos, sobretudo os evangélicos, vê a Bíblia como A palavra de Deus, inspirada pelo Próprio, e a toma como única regra de fé e prática. Sendo interpretada de forma errada, a Bíblia pode ser muito perigosa pois seu conteúdo é homofóbico, misógino e segregacionista.

Tendo nascido e passado toda a minha infância, adolescência e uma parte da minha juventude frequentando assiduamente uma igreja evangélica, sinto-me gabaritado para dizer como as coisas acontecem por lá. Os evangélicos se tratam pelos nomes de cristãos, fieis, discípulos, ungidos. São os representantes de Deus na terra, o povo salvo. Todos os que não professarem sua crença são tratados pejorativamente como “mundanos”, “escarnecedores”, “perdidos” e outras terminologias. Fica extremamente complicado discutir com pessoas que se acham investidos de poder para tomar decisões em nome do próprio Deus. Tentar argumentar com alguém a quem Deus (supostamente) já deu a Razão é penoso, senão impossível. Para piorar: evangélicos não têm o hábito de ler nada além da Bíblia e de livros relacionados a ela, ou seja, tem uma visão estritamente fechada, já que não tem outros interlocutores. Sendo sagrada, a Bíblia não pode ser questionada. Deus fala pela Bíblia e eles falam por Deus. Resumindo: Estão sempre certos pois o próprio Deus avaliza tudo que eles pensam e fazem, pois os reconhece como defensores do Seu reino.

Na contrapartida está a ABLGT (A sigla que os representa muda tanto que nem sei mais se é essa ainda). Cansados de serem vítimas de chacotas e às vezes até mesmo de violência física, querem agora respeito, mesmo que seja à força. O movimento gay pretende que se aprove uma lei que criminalize qualquer declaração/ato considerados como homofóbicos. Isso me faz ficar de cabelos em pé porque tal lei mexe no íntimo de uma das nossas maiores conquistas, a liberdade de expressão. Pedir aos evangélicos que eles não manifestem o seu pensamento (por mais imbecil que possa parecer) é tolher a sua liberdade de expressão. Sabemos que uma oposição é sempre boa para que não haja um monopólio da verdade.

Os gays querem que seja criada e aprovada uma lei que puna toda manifestação pejorativa direcionada a eles. Só tem um detalhe: Já existe lei contra ofensa, difamação, discriminação e agressão. E vale para proteger TODAS as pessoas, independente do que fazem na cama. Discriminar um gay é tão grave quanto discriminar um negro, um nordestino ou um indígena. Um gay não é diferente de ninguém. Por que uma lei especial para eles? Uma lei especial para esse segmento os tornaria diferentes. Ora, o que eles querem não é serem tratados com igualdade? Sou totalmente a favor de lhes dar direitos civis, afinal de contas, são cidadãos, pagam impostos como qualquer heterossexual e vivem num Estado laico, mas conceder-lhes o privilégio de tornarem-se intocáveis, isso não.

Poderíamos pensar em três formas de resolver o problema. A primeira seria tratar a lei que já existe com mais rigor, fazendo com que ela seja cumprida à risca. A segunda forma, um pouco mais complicada, seria criar um projeto de lei que obrigasse cada pessoa a cuidar exclusivamente da sua vida (meu sonho) e a terceira, mais radical, seria acabar com todos os evangélicos e todos os homossexuais do mundo, só assim não teríamos mais ninguém que ficasse cuidando da fé e do traseiro alheios.

Postado por Roney Torres às 22:25 13 comentários Enviar por e-mail Postar no blog! Compartilhar no X Compartilhar no Facebook
Marcadores: Cotidiano
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Baiano. Professor. Capricorniano. 34 anos. Dependente de música, livros e internet. Apaixonado por gente inteligente.
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